quinta-feira, 8 de setembro de 2011

NELSON RODRIGUES POR SP ESCOLA DE TEATRO

Nelson Rodrigues: A História de Sua História


Na Infância
Em 23 de agosto de 1912, em Pernambuco, nascia um menino. No entanto, não seria mais um no mundo; o futuro lhe reservava um importante papel na sociedade. Nelson Falcão Rodrigues, mais conhecido por Nelson Rodrigues, seria jornalista, dramaturgo e escritor. Sua história caminharia lado a lado com o teatro.

Quando tinha apenas quatro anos, sua família se mudou para o Rio de Janeiro, então capital federal. Dessa infância humilde, na Zona Norte da cidade carioca, surgiram as inspirações que comporiam boa parte de seu legado. Suas paixões se dividiam entre ler romances e assistir futebol. As duas influenciaram seu estilo literário.

Seu talento era nato. Aos oito anos, Nelson participou de um concurso de redação na escola em que estudava. O texto retratava uma história de adultério, na qual, a facadas, o marido traído matava a mulher. Quinto filho dos 14 que Maria Esther Falcão e Mário Rodrigues tiveram, Nelson tinha a leitura como refúgio das brigas constantes de seus pais.

Paralelamente às leituras, conheceu o Fluminense, time de futebol que nem ele nem seu irmão Mário Filho, que mais tarde seria um reconhecido jornalista esportivo, possuíam condições financeiras para ver jogar. A situação começou a mudar em 1922, quando seu pai passou a ter prestígio como jornalista do Correio da Manhã. A família se mudou para a Tijuca, onde a vida se tornaria mais confortável.

Em 1926, Nelson foi expulso da escola por motivos de rebeldia. À medida que adentrava o período de adolescência, foi se tornando uma pessoa melancólica e triste, entrando em um estado de depressão. Nessa época, o menino de 13 anos já começava sua carreira jornalística, no jornal de seu próprio pai, A Manhã.

O Começo de uma Carreira
Com boa capacidade de dramatizar pequenos fatos, o jornalista escrevia, especialmente, tragédias envolvendo casais de namorados. Mesmo não tendo terminado os estudos, Nelson se destacou na profissão e logo conseguiu uma coluna assinada na página principal do jornal. Seu primeiro artigo foi “A Tragédia de Pedra...”, publicado em 1928. "Gritos Bárbaros", "O Elogio do Silêncio", "A Felicidade" e "Palavras ao Mar" foram outros de seus escritos à época.

Aos 21 anos, Nelson adquiriu uma doença pulmonar que amedrontava a todos: tuberculose. Um dia, em 1940, já casado, o escritor acorda e descobre que não enxerga absolutamente nada. Os médicos disseram que era uma sequela da tuberculose e lhe receitam diversos antiinflamatórios para que ele volte a seu estado normal. Entretanto, 30% de sua visão foi perdida.

O teatro começou a fazer parte de seus planos quando, em 1941, estava passando em frente ao Teatro Rival e ouviu alguém comentando que a peça “A Família Lerolero” estava rendendo um bom dinheiro. No ano seguinte, escreveu “A Mulher Sem Pecado”, que só foi encenada em 1942, pela companhia Comédia Brasileira, no Teatro Carlos Gomes. Apenas alguns críticos e seus amigos elogiaram o espetáculo.

Sucesso à Vista
Em 1943, portanto, Nelson começava a trilhar seu caminho de sucesso no tetro. Escreveu “Vestido de Noiva”, elogiado por muitos jornalistas e que teve sua montagem realizada pelo ator e diretor polonês Zbigniew Ziembinski. O autor não apareceu para a plateia aquele dia.

Em meio a esse sucesso, não parou de trabalhar como jornalista. Com novo emprego no jornal “O Cruzeiro”, passou a escrever folhetins. O nome que assinava cada capítulo da história “Meu Destino É Pecar”, no entanto, não era o seu, mas sim o de Suzana Flag, seu pseudônimo. O sucesso foi tanto que lhe rendeu a publicação de um livro da história.

Em 1945, o grupo “Os Comediantes” encenou “Vestido de Noiva” e sua primeira obra “A Mulher Sem Pecado”, no Teatro Phoenix. No ano seguinte, Nelson escreveu “Álbum de Família”, que foi censurada e só foi apresentada 21 anos mais tarde. Ainda em 1948, estreia seu novo espetáculo “Anjo Negro”, que gerou, como sempre, comentários polêmicos. Outra obra sua é censurada: “Senhora dos Afogados”, que, em 1954, foi encenada por Bibi Ferreira. Para sair dessa fase, Nelson escreve “Doroteia”, uma das peças mais elogiadas do autor, que, mais tarde, seria interpretada pela atriz Dercy Gonçalves.

Em junho de 1951, o monólogo “Valsa nº6” é apresentado por sua irmã Dulce Rodrigues. Dois anos mais tarde, está nos palcos “A Falecida”, comédia classificada muitos anos depois, por Sábato Magaldi, como uma “tragédia carioca”. Após receber alta indenização do governo, em 1956, o escritor investe a maior parte do dinheiro no teatro.

“Perdoa-me por me Traíres” foi outra peça censurada. No mesmo ano (1957), escreveu “Viúva, Porém Honesta”, na qual um dos atores era Jece Valadão, seu cunhado na época. Entre 1959 e 1960, publicou mais dois livros: “Engraçadinha – Seus Amores e Seus Pecados dos Doze aos Dezoito” e “Engraçadinha – Depois dos Trinta”.

Com “Boca de Ouro”, Nelson se viu, mais uma vez, parado diante da censura. Ainda no final dos anos 60, o autor escreveu “Beijo no Asfalto” e convidou o casal de atores Fernanda Montenegro  e Fernando Tôrres a subir aos palcos e apresentá-la.

Nelson foi autor, ainda, de algumas novelas como “A Morte Sem Espelho” (a primeira brasileira), “Sonho de Amor” e “O Desconhecido”. Em 1965, o escritor lançou “Toda Nudez Será Castigada”. O sucesso foi imediato. No final de 1973, no auge de seus 61 anos, escreveu “Anti-Nelson Rodrigues”. Após algumas cirurgias e complicações respiratórias que quase o levaram à morte, Nelson dá vida a sua última peça “A Serpente”, em 1979.

Um dos maiores escritores e dramaturgos de todos os tempos morreu em 21 de dezembro de 1980, deixando 17 peças e inúmeros escritos que instigaram e continuam provocando polêmicas e reflexões.

Camila Appel

BATE PAPO SOBRE TEATRO - PUBLICAÇÃO DA SP ESCOLA DE TEATRO

Como surgiu o seu amor pelo teatro?
Parece ser o que chamam de química. Da mesma forma que temos o potencial de nos apaixonar por pessoas, acredito que temos esse potencial em relação a universos, como o do teatro. Cresci num ambiente teatral e isso pode ter contribuído, apesar de ter me envolvido nessa área apenas recentemente.

Lembra da primeira peça a que assistiu? Como foi?
Não me lembro da primeira. Minha mãe (Leilah Assumpção) é dramaturga e provavelmente foi um texto dela. Minha primeira memória vem dos passeios no cenário após a apresentação. Lembro de sentir um cheiro que trazia conforto. 

 Um espetáculo que mudou o seu modo de ver o teatro.
“Apocalipse 1/11”, do Teatro da Vertigem. A peça se passava num antigo complexo carcerário. Foi uma experiência sensorial. 

Um espetáculo que mudou a sua vida.
Estou esperando por ele.

 Você teve algum padrinho no teatro? Se sim, quem?
Não tive.

 Já saiu no meio de um espetáculo? Por quê?
Nunca sai. A curiosidade em saber como será o desfecho me prende mais do que o possível tédio que ele possa me trazer durante a encenação.

 Teatro ou cinema? Por quê?
Teatro. Porque só no teatro existe o terceiro sinal. O frio na barriga de ver uma arte viva, orgânica, que se apresentará de forma especifica, naquele instante, para nunca mais ser repetida.

 Cite um espetáculo do qual você gostaria de ter participado.
 E por quê?
Assisti a um festival de peças de um minuto no Espaço dos Parlapatões. Achei interessante e fiquei com vontade de participar.

 Já assistiu mais de uma vez a um mesmo espetáculo? E por quê?
“Intimidade Indecente”, de Leilah Assumpção. Assisti umas 15 vezes, porque era um espetáculo que me emocionava muito. 

 Qual dramaturgo brasileiro você mais admira? E estrangeiro? Explique.
A dramaturga brasileira que mais admiro é Leilah Assumpção. Claro que sou suspeita, porque nasci do ventre dela. Mas realmente admiro seu trabalho. Nelson Rodrigues também deve ser mencionado, porque ele tem o domínio sobre estrutura e diálogo ao mesmo tempo, o que é difícil de ser alcançado. O dramaturgo internacional que mais admiro é Edward Albee. Também admiro Beckett, Tennesse Williams,  Harold Pinter, Arthur Miller, Strindberg, Sarah Kane, Conor Mcpherson... Recentemente fui apresentada ao trabalho do Martin Mcdonagh – incrível. Ah, e Ionesco com seus rinocerontes que me aparecem em sonhos toda vez que eu acho que estou acordada. 

 Qual companhia brasileira você mais admira?
Tenho gostado bastante das montagens da Companhia Hiato.

 Existe um artista ou grupo de teatro do qual você acompanhe todos os trabalhos?
Não, porque já perdi muita coisa boa.

 Qual gênero teatral você mais aprecia?
O drama que se utiliza do humor como alívio cômico.

 Em qual lugar da plateia você gosta de sentar? Por quê? Qual o pior lugar em que você já se sentou em um teatro?
O pior lugar é o que tem pouco espaço para as pernas – porque sou muito alta e não gosto de ficar com o joelho na nuca da pessoa da frente. Gosto de sentar atrás para sentir a reação das pessoas.

 Fale sobre o melhor e o pior espaço teatral que você já foi ou já trabalhou?
Aprecio os espaços que pensam no conforto do público e dos atores. Parece óbvio, mas te juro que há espaços que priorizam a maximização do lucro ao invés do conforto das pessoas envolvidas.

 Existe peça ruim ou o encenador é que se equivocou? 
Partindo do pressuposto de que existe opinião, existe peça ruim.

 Como seria, onde se passaria e com quem seria o espetáculo dos seus sonhos?
No dia em que eu souber isso vou fazer de tudo para realizá-lo.

 Cite um cenário surpreendente.
“Pterodátilos”, cenário de Daniela Thomas. E o cenário da Bia Lessa em “Adorável Desgraçada”.

 Cite uma iluminação surpreendente.
Qualquer uma do Guilherme Bonfanti.

 Cite um ator que surpreendeu suas expectativas.
Silvia Lourenço, Bruno Autran e Gustavo Vaz. Os três atores que já me encenaram. Viro fã dos atores que me encenam, fazer o quê. É uma gratidão inexplicável. Eles me surpreendem por darem vida a algo que sai de mim, com um cérebro e um coração, mas ainda sem a capacidade de respirar.

 O que não é teatro?
Segundo o filósofo, nada.

A ideia de que tudo é válido na arte cabe no teatro?
Acredito que sim, na medida em que possa ser justificado - tenha  um motivo, intenção para estar ali.  

 Na era da tecnologia, qual é o futuro do teatro?
Sempre ter a opção de inclui-la, ou não. 

 Em sua biblioteca não podem faltar quais peças de teatro?
Todas do Edward Albee, Harold Pinter e Strindberg. Uma peça que gosto de reler com frequência é “Quem tem medo de Virginia Wolf”, do Albee - essa eu não empresto. “Volta ao Lar”, do Harold Pinter, também é difícil de sair daqui.

 Cite um diretor (a), um autor (a) e um ator/atriz que você admira.
Sou novata na área. Receio excluir alguém por simples ignorância.

 Qual o papel da sua vida
Escrever. Tentar fazer textos cada vez melhores.

 Uma pergunta para William Shakespeare, Nelson Rodrigues, Bertold Brecht ou algum outro autor ou personalidade teatral que você admire.
Querido Brecht, o que você toma ao acordar? Estou precisando de um desses. 
Camila Appel é Autora Teatral

 O teatro está vivo?
Ele é vivo. Não me parece ser um estado, mas sim uma definição.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

OFICINA DE INICIAÇÃO À ILUMINAÇÃO CÊNICA

OFICINA DE INICIAÇÃO À ILUMINAÇÃO CÊNICA
Coordenação: Alessandro Azuos.
17/10 a 1/11 – segundas e terças-feiras – 18h às 22h.
Público: estudantes de artes cênicas, membros de companhias de teatro e academias de dança, artistas e demais interessados, a partir de 17 anos.
Inscrições: 12/9 a 10/10.
Seleção: currículo e carta de interesse.
20 vagas.
Local: Teatro Municipal Lulu Benencase: Rua Gonçalves Dias, 293, Jardim Girassol – Americana (SP).
A oficina tem como objetivo estimular o conhecimento das técnicas de iluminação necessárias à composição cênica e à execução de um mapa de luz, por meio de uma abordagem teórica e prática, partindo dos princípios básicos da eletricidade e iluminação até a exploração dos equipamentos e do espaço de um teatro.
Alessandro Azuos especializou-se em iluminação com Maurício Rinaldi, em Buenos Aires, e lecionou a matéria no Conservatório Carlos Gomes, de Campinas. Foi técnico do LUME Teatro e da CPFL Cultura, elaborando projetos de iluminação para espetáculos e exposições.

OFICINA DE ILUMINAÇÃO CÊNICA

OFICINA DE ILUMINAÇÃO CÊNICA: APLICAÇÃO DOS CONCEITOS
Coordenação: Silvio Favaro.
7 a 29/11 – segundas e terças-feiras – 14h às 18h.
Público: estudantes e profissionais de teatro atuantes na montagem de iluminação, artistas e demais interessados, a partir de 17 anos.
Inscrições: 3 a 31/10.
Seleção: currículo e carta de interesse.
20 vagas.
Local: Auditório do Centro de Cultura e Lazer – CCL: Avenida Brasil, 1293, Jardim São Paulo – Americana (SP).
Abordagem teórica e prática da composição da iluminação cênica, capacitando os participantes para a leitura e a montagem de mapas de luz e de palco. Por meio da exploração da estética da luz, a oficina tem como o objetivo de aprimorar profissionais da área cênica: iluminadores, técnicos, operadores, artistas e críticos.
Silvio Favaro é graduado pela Escola de Teatro Célia Helena e cursa Produção Audiovisual na Unip. Ministrou cursos de iluminação cênica no Teatro Arte e Ofício e no Conservatório Carlos Gomes. Foi iluminador em espetáculos de Teresa Aguiar, Marcelo Lazzaratto e Gerald Thomas, entre outros, e é o responsável por espetáculos do ator Eduardo Okamoto.

Workshop INTRODUÇÃO AO TEATRO

SP - Arena de Cristo realizará em novembro Workshop em São MAteus(SP)

 Luiza Regina Reis, líder do Ministério Arena de Cristo irá realizar um Workshop em novembro em São Paulo. O Workshop é composto de 2 oficinas: INTRODUÇÃO AO TEATRO e PROCESSO DE CRIAÇÃO DE PERSONAGEM.
Inscrições e informações:

Stanislavski, Constantin - Resumo da vida e obra