Como surgiu o seu amor pelo teatro?
Parece ser o que chamam de química. Da mesma forma que temos o potencial de nos apaixonar por pessoas, acredito que temos esse potencial em relação a universos, como o do teatro. Cresci num ambiente teatral e isso pode ter contribuído, apesar de ter me envolvido nessa área apenas recentemente.
Lembra da primeira peça a que assistiu? Como foi?
Não me lembro da primeira. Minha mãe (Leilah Assumpção) é dramaturga e provavelmente foi um texto dela. Minha primeira memória vem dos passeios no cenário após a apresentação. Lembro de sentir um cheiro que trazia conforto.
Um espetáculo que mudou o seu modo de ver o teatro.
“Apocalipse 1/11”, do Teatro da Vertigem. A peça se passava num antigo complexo carcerário. Foi uma experiência sensorial.
Um espetáculo que mudou a sua vida.
Estou esperando por ele.
Você teve algum padrinho no teatro? Se sim, quem?
Não tive.
Já saiu no meio de um espetáculo? Por quê?
Nunca sai. A curiosidade em saber como será o desfecho me prende mais do que o possível tédio que ele possa me trazer durante a encenação.
Teatro ou cinema? Por quê?
Teatro. Porque só no teatro existe o terceiro sinal. O frio na barriga de ver uma arte viva, orgânica, que se apresentará de forma especifica, naquele instante, para nunca mais ser repetida.
Cite um espetáculo do qual você gostaria de ter participado.
E por quê?
Assisti a um festival de peças de um minuto no Espaço dos Parlapatões. Achei interessante e fiquei com vontade de participar.
Já assistiu mais de uma vez a um mesmo espetáculo? E por quê?
“Intimidade Indecente”, de Leilah Assumpção. Assisti umas 15 vezes, porque era um espetáculo que me emocionava muito.
Qual dramaturgo brasileiro você mais admira? E estrangeiro? Explique.
A dramaturga brasileira que mais admiro é Leilah Assumpção. Claro que sou suspeita, porque nasci do ventre dela. Mas realmente admiro seu trabalho. Nelson Rodrigues também deve ser mencionado, porque ele tem o domínio sobre estrutura e diálogo ao mesmo tempo, o que é difícil de ser alcançado. O dramaturgo internacional que mais admiro é Edward Albee. Também admiro Beckett, Tennesse Williams, Harold Pinter, Arthur Miller, Strindberg, Sarah Kane, Conor Mcpherson... Recentemente fui apresentada ao trabalho do Martin Mcdonagh – incrível. Ah, e Ionesco com seus rinocerontes que me aparecem em sonhos toda vez que eu acho que estou acordada.
Qual companhia brasileira você mais admira?
Tenho gostado bastante das montagens da Companhia Hiato.
Existe um artista ou grupo de teatro do qual você acompanhe todos os trabalhos?
Não, porque já perdi muita coisa boa.
Qual gênero teatral você mais aprecia?
O drama que se utiliza do humor como alívio cômico.
Em qual lugar da plateia você gosta de sentar? Por quê? Qual o pior lugar em que você já se sentou em um teatro?
O pior lugar é o que tem pouco espaço para as pernas – porque sou muito alta e não gosto de ficar com o joelho na nuca da pessoa da frente. Gosto de sentar atrás para sentir a reação das pessoas.
Fale sobre o melhor e o pior espaço teatral que você já foi ou já trabalhou?
Aprecio os espaços que pensam no conforto do público e dos atores. Parece óbvio, mas te juro que há espaços que priorizam a maximização do lucro ao invés do conforto das pessoas envolvidas.
Existe peça ruim ou o encenador é que se equivocou?
Partindo do pressuposto de que existe opinião, existe peça ruim.
Como seria, onde se passaria e com quem seria o espetáculo dos seus sonhos?
No dia em que eu souber isso vou fazer de tudo para realizá-lo.
Cite um cenário surpreendente.
“Pterodátilos”, cenário de Daniela Thomas. E o cenário da Bia Lessa em “Adorável Desgraçada”.
Cite uma iluminação surpreendente.
Qualquer uma do Guilherme Bonfanti.
Cite um ator que surpreendeu suas expectativas.
Silvia Lourenço, Bruno Autran e Gustavo Vaz. Os três atores que já me encenaram. Viro fã dos atores que me encenam, fazer o quê. É uma gratidão inexplicável. Eles me surpreendem por darem vida a algo que sai de mim, com um cérebro e um coração, mas ainda sem a capacidade de respirar.
O que não é teatro?
Segundo o filósofo, nada.
A ideia de que tudo é válido na arte cabe no teatro?
Acredito que sim, na medida em que possa ser justificado - tenha um motivo, intenção para estar ali.
Na era da tecnologia, qual é o futuro do teatro?
Sempre ter a opção de inclui-la, ou não.
Em sua biblioteca não podem faltar quais peças de teatro?
Todas do Edward Albee, Harold Pinter e Strindberg. Uma peça que gosto de reler com frequência é “Quem tem medo de Virginia Wolf”, do Albee - essa eu não empresto. “Volta ao Lar”, do Harold Pinter, também é difícil de sair daqui.
Cite um diretor (a), um autor (a) e um ator/atriz que você admira.
Sou novata na área. Receio excluir alguém por simples ignorância.
Qual o papel da sua vida
Escrever. Tentar fazer textos cada vez melhores.
Uma pergunta para William Shakespeare, Nelson Rodrigues, Bertold Brecht ou algum outro autor ou personalidade teatral que você admire.
Querido Brecht, o que você toma ao acordar? Estou precisando de um desses.
O teatro está vivo?
Ele é vivo. Não me parece ser um estado, mas sim uma definição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário